sábado, 3 de outubro de 2009

II

No colégio, Anny senteva-se na última carteira. Não falava com ninguém e sempre na aula de Redação, dormia. Na hora do intervalo, Anny passava na cantina, pagava seu lanche e com passos lentos caminhava para atrás da quadra do ginásio. Sentava-se lá e comia seu lanche. Muitas vezes, ela chorava, porque via amigas com amigas passando, dando risadas.
E foi em um desses dias em que Anny chorava, que aconteceu. Enquanto ela comia (e chorava), apareceram 3 garotos fortes e mal encarados, carregando um garotinho mais fraco. Anny apertou a vista e então reconheceu os quatro meninos. Os três fortes eram Petter, George e Harry, do 3 ano. O mais fraco era Demmettrius, da sua sala. Anny não estava compreendendo muito bem o que estava acontecendo, mas quando Petter começou a empurrar Demmettrius contra a perede, ela entendeu muito bem o que se passava. Enxugou as lágrimas que ainda escorriam de seu rosto, devorou a última parte de seu lanche e correu para o local onde Petter se preparava para bater em Demmettrius. Quando o punho de Petter se aproximou do olho da vítima, Anny saltou do morro e segurou a mão de dele. Petter furioso - pois tinham impedido ele de esmurrar um olho - gritou:
- Sua idiota! Saia da minha frente! Não sou covarde de bater em uma garota como você - e empurrou Anny que caiu sentada no chão - mas esse garoto com certeza vai levar um olho roxo para casa.
Anny se levantou e como em um milagre, começou a bater em George e Harry, que ficaram roxos, e saíram correndo. Petter olhou para Demmettrius com um ar de desprezo e disse a ele:
- Então é ela quem te defende? Se você fosse um homem de verdade, você lutaria por si mesmo. Você não vale a pena mesmo.
Petter soltou o pescoço de Demmettrius, que caiu e derramou uma lágrima incerta. Petter riu e foi andando até fazer a curva da quadra. E então o sinal bateu.
Demmettrius se levantou e subiu o morrinho. Anny lhe disse:
- Não vai agradecer não?
- Agradecer o quê? - Demmettrius retrucou.
- Se não fosse por mim, você estaria com um olho roxo agora, e também estaria chorando - disse Anny.
- Tá legal, eu sei disso. Obrigado. - Demmettrius agradeceu.
- De nada. Eu sou Anny.
- Eu sou Demmettrius.
Eles sentaram no morrinho, e conversaram um pouco, até que uma servente do colégio apareceu e gritou para eles:
- Hei vocês! Para a aula agora.
Anny e Demmettrius correram, indo pelo lado contrário da servente, para ela não ver quem eram eles, e eles não se encrencarem.
Quando eles chegaram na sala de aula, com 2 minutos e meio de atraso, a professora de Redação, Sra. Hellen, lhes deu uma grande bronca.
Anny foi para seu lugar e Demmettrius foi para o dele. Como era de costume, Anny dormiu a aula inteira.
Na saída, Anny se levantou e foi dar tchau ao seu primeiro e único amigo. Demmettrius disse que eles poderiam se ver, e lhe deu seu endereço.
Anny saiu da sala e foi correndo, para pegar o ônibus de volta para casa.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

I

Anny Katanya era uma garota, estudante do colégio Lean Paul. Era tímida e não tinha amigos. Nunca se atrasava para as aulas, sempre tirava notas boas em todas as aulas menos na aula de Redação, e sempre dava desculpas:
- A culpa não é minha! Eu só não tenho imaginação para ficar escrevendo textos e redações!
Sua casa era grande e em seu quarto, ela tinha uma passagem secreta, que dava em uma parte cheia de vigas. Passando por elas a passagem dava na área da caixa d'água. Era lá que Anny ficava, sempre; quando queria ficar sozinha, quando se escondia para seu pai não mandá-la ajudar na limpeza da casa, quando ia fazer as tarefas da escola.
Anny morava só com o pai, sua mãe havia morrido quando ela era pequena. Anny gostava de vasculhar as coisas do pai para achar fotos da mãe. Ficava admirando a beleza que sua mãe tinha, e todas as fotos que achava, guardava, para montar um álbum só com fotos dela.
Desde a morte de sua mãe, seu pai Joe Katanya, havia assumido todos os papéis. Era ele quem dava a Anny boa-noite, ele quem via os trabalhos de escola, ele quem ia as reuniões, e ele quem pegava no pé de Anny para ela se esforçar mais nas aulas de Redação.
Mesmo tendo seu pai ao seu lado, Anny se sentia vazia, pois não tinha amigos e não tinha vivido nenhuma aventura. Mas isso estava para mudar.